Cornélio Procópio – PR
Cornélio Procópio é uma das 46 cidades que formam o Norte Pioneiro paranaense, região fronteiriça com o Estado de São Paulo, cuja denominação refere-se ao início da colonização do estado, motivada pela cafeicultura que obteve grande êxito devido à fertilidade do solo conhecido como “terra roxa”. A história do município é permeada pelas hordas migratórias de paulistas, mineiros, nordestinos e nortistas, atraídos pelo cultivo do café, que por sua vez impulsionou a implementação e desenvolvimento das linhas férreas estado adentro, como a São Paulo-Paraná, um projeto grandioso, que iria de Ourinhos/SP até Assunção, no Paraguai, passando por Guaíra. O traçado da ferrovia adentrava pelo Norte do Paraná, rumo ao Oeste, sendo um dos agentes mais efetivos no desbravamento desta região do estado, promovendo o surgimento de várias cidades como Londrina e Cornélio Procópio, entre outras. A construção foi iniciada em 1908 e foi prosseguindo ao longo das décadas subsequentes.
Em 1923, o empresário paulista Francisco da Cunha Junqueira, sabendo que o avanço da ferrovia valorizaria a região comprou a gleba Laranjinha, extensão de terra onde hoje estão os municípios de Santa Mariana e Cornélio Procópio, que surgiram como dois pequenos loteamentos projetados por ele em 1924, ambos em locais contemplados pelo traçado da linha férrea e cujos nomes homenageavam sua esposa e seu sogro, falecido em 1909 – ou seja, o homenageado, o coronel Cornélio Procópio de Araújo Carvalho deu nome a uma cidade que ele nunca conheceu. Aos poucos, os lotes foram sendo adquiridos por colonos interessados em ingressar na cafeicultura em expansão, principalmente oriundos de São Paulo, onde as terras já estavam com os preços muito elevados. Assim foi surgindo uma pequena povoação, na altura do km 125 da ferrovia São Paulo-Paraná, ainda em construção. Neste mesmo ano, a estrada de ferro chega a Cambará e aí permanece parada por quatro anos, por falta de verbas. Somente em 1928, através da venda de ações da ferrovia para os ingleses da Paraná Plantations, que as obras foram retomadas, chegando, enfim, ao pequeno núcleo urbano do km 125 em 1930. Neste local foi construída a estação ferroviária, que também recebeu o nome Cornélio Procópio, conforme desejo de Cunha Junqueira.
Em 1931, um acionista ilustre da Paraná Plantations, o Príncipe de Gales – futuro Rei Eduardo VIII do Reino Unido – visitou o povoado, deixando claro o grande interesse dos ingleses pelas terras férteis do Norte do Paraná, que acenavam com a possibilidade de negócios muito lucrativos.
Cunha Junqueira envolveu-se na Revolução Constitucionalista de 1932, tomando o partido do seu Estado. Com a derrota, foi para o exílio em Portugal e acabou por vender as terras que ainda possuía no Paraná para a colonizadora Paiva&Moreira, que planificou todo o loteamento da gleba Laranjinha, desmembrando-a em terrenos urbanos e lotes rurais. O planejamento da área urbana foi centrado nos arredores da estação ferroviária. O projeto estabelecia ruas com 15 e avenidas com 20 metros de largura; praças com 6,4 mil metros quadrados e estipulava locais para a construção de estabelecimentos públicos e áreas de lazer. A planta registrada em 1935 no Cartório de Registro de Imóveis continha 610 unidades em área urbana e 22 chácaras no seu entorno, além da área doada à igreja, que viria a ser a Praça Brasil no futuro, onde já havia uma capela de madeira, que viria a ser oficialmente denominada Paróquia Cristo Rei, três anos adiante.
O povoado passa a receber migrantes em ritmo crescente, se desenvolvendo a partir do entorno da estação, que tornou-se um marco do crescimento econômico não apenas de Cornélio Procópio, mas da região onde ele estava inserido. Todavia, foi somente em 15 de fevereiro de 1938 que o então Distrito de Cornélio Procópio foi elevado à categoria de Município.
Em 1943 começaram as obras da nova Matriz de Cristo Rei em estilo neo-românico, com 600m2 distribuídos em uma nave principal e duas laterais com uma capela em cada uma, cujas cenas sacras foram executadas em mosaicos bizantinos. Desde o início, a paróquia realiza a Celebração de Cristo Rei, solenidade que marca o fim do Ano Litúrgico da Igreja Católica, na 34ª semana do Tempo Comum, cinco domingos antes do Natal.
Nos anos de 1957 e 58, o no local mais alto da cidade foi construído o Monumento Cristo Rei, que consiste na maior estátua sacra em bronze da América Latina, com 23,8 metros de altura. O monumento é de autoria do artista paulistano Arlindo Castellani de Carli. O local possui uma bela vista panorâmica da cidade e das colinas ao redor.
Patrimônio natural e cultura fazem parte do cotidiano dos procopenses, com duas bibliotecas públicas, quatro teatros e dois museus: Histórico e Natural. No primeiro há um rico acervo de objetos que contam a trajetória dos fundadores de Cornélio Procópio e o Museu de História Natural, cuja coleção de artefatos indígenas, peças de geologia, arqueologia, paleontologia e entomologia, além de 1.500 animais taxidermizados expostos em recriações do habitat natural de cada espécie, constituem um dos maiores acervos do gênero na América do Sul.
A cidade também conta com locais e eventos que garantem o lazer dos habitantes, como oito ginásios poliesportivos, o Lago São Luiz e a Feira da Lua. Esta última acontece às terças-feiras, a partir das 18h na Praça Botafogo, com opções gastronômicas, artesanato e brinquedos para as crianças, onde os moradores da cidade se reúnem ao som de música ao vivo.
O Parque Estadual Mata São Francisco, localizado a 4 km do centro da cidade, é uma área de preservação ambiental com 832,57 hectares de Mata Atlântica, com trilha de 1,6 km e entrada gratuita. Dentro do perímetro urbano da cidade há também o Bosque Municipal Manoel Júlio de Almeida, formado por 9,8 hectares de remanescentes da Mata Atlântica original, própria do Norte do Paraná, com 70 espécies arbóreas, que chegam a 35 m de altura, além de animais silvestres, típicos desse habitat. Neste local está o ECOCENTRO, onde o Grupo Ecológico “Vida Verde” desenvolve atividades de educação ambiental e disseminação de princípios conservacionistas. O Bosque Municipal é um local para contemplação, caminhadas e estudos da flora e fauna, ofertados através de palestras, cursos, exposições e seminários.
Cornélio Procópio conta com 47.840 habitantes (IBGE 2021) e apresenta expressivo desempenho econômico, com destaque para a produção e beneficiamento de grãos e demais produtos do setor agropecuário. Comércio, indústria e o setor de serviços também crescem em ritmo constante. O município, inclusive, tem a maior arrecadação de ICMS da região.
A cidade também é conhecida pela qualidade das instituições de ensino superior que abriga, tanto que 10% da população são universitários, distribuídos pelos campi da Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP), da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), ambas públicas, além de instituições privadas.